Mesa temática abre debates sobre teletrabalho com Banrisul

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Se não fosse a pandemia do novo coronavírus, muito dificilmente a reunião temática de negociação do teletrabalho com os representantes da diretoria do banco precisaria ser feita na tarde quarta-feira, 30/9, por videoconferência. Mas ela ocorreu, trouxe muitas questões relacionadas ao tema e apontou para um desafio: lidar com um tema tão complexo e novo quanto o contexto complicado de pandemia por Covid-19.

O home office virou uma realidade. E regular a administração dos direitos dos trabalhadores bancários virou um desafio. O contexto é mesmo estranho, capaz de colocar um computador e uma cadeira de trabalho no centro do debate. Como fazer?

Os representantes dos Banrisulenses na mesa temática de Teletrabalho já têm argumentos e uma regulação pregressa. Desde o mês de setembro, quando os bancários aprovaram em assembleias e assinaram a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) Nacional há uma regulação. Bancos privados também assinaram acordos. Mas é preciso ir adiante.

Leia aqui o Acordo Coletivo de Trabalho sobre Teletrabalho construído com a Fenaban na Campanha Nacional Unificada 2020

Questões como monitorar o cumprimento de horário de quem trabalha em casa, saber qual a solução mais adequada para a questão do computador (fornecido pelo banco?), o respeito à ergonomia, a disposição dos móveis, as dificuldades maiores de quem tem filho e até a desvantagem comercial de quem está em regime presencial indo na agência trabalhar.

Afinal, quantos colegas o banco vai querer manter em home office? E mais: esses colegas serão consultados sobre suas preferências? A CCT não criou normas de gestão dos trabalhadores, mas abriu as portas para as reuniões temáticas permanentes.

O segundo encontro entre a Comissão de Negociação do Comando Nacional dos Banrisulenses e os representantes da diretoria do Banrisul ocorre na terça-feira, 6/10, a partir das 13h30, por videoconferência. O tema será computadores e mobiliário.

“É uma situação nova, abrupta num contexto econômico complicado. Tem a questão da saúde, do mobiliário, do espaço em casa. As pessoas podem até se sentir invadidas ou mesmo alijadas de seu processo de educação pelo contato direto no ambiente de trabalho com a ou o colega. Avançamos em ergonomia, com a CCT, nos locais de trabalho. Mas a casa não foi projetada para o trabalho”, salientou a diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa.

Uma das questões fundamentais levantadas pelos integrantes do Comitê de Negociação do Teletrabalho do Comando Nacional dos Banrisulenses disse respeito à confiabilidade das redes de internet das casas dos colegas em home office e como seus dados pessoais ficarão protegidos. Como está hoje, os colegas trabalham em computadores que, muitas vezes, são compartilhados com cônjuges, filhos ou outro coabitante da família. É o que pensa do diretor da Fetrafi-RS, Sergio Hoff.

“Este debate que vamos fazer é muito complexo. Nos casos dos computadores pessoais, teremos que debater temas como segurança e privacidade na internet. Como ficam os dados pessoais das pessoas? Para resguardar, o banco tem que fornecer a máquina para o a pessoa trabalhar”, afirmou Sergio.

Cleberson Pacheco Eichholz, presidente do Sintrafi de Florianópolis e Região, trouxe para a discussão um problema que está sendo enfrentado por colegas que estão trabalhando presencialmente nas agências. Estes últimos estariam em desvantagem no que diz respeito ao atendimento presencial de clientes que não são os das suas carteiras de negócio.

Nessa caso, haveria uma desvantagem em relação a quem está em home office e uma divisão: aqueles que resolvem problemas de clientes de outros colegas e dos seus clientes, o que dificulta a dedicação para produzir resultados por meio da prospecção de negócios e suscita a seguinte pergunta, segundo Cleberson, que precisa ser respondida pelo banco: qual é o impacto do home office para os que estão trabalhando nas agências?

“Algumas demandas sobrecarregam os colegas que estão trabalhando nas agências durante a pandemia. É um estresse para quem está nas agências pela dificuldade de entregar seus resultados. As equipes estão reduzidas, mas os clientes continuam indo resolver problemas nas agências e são atendidos por colegas mesmo não fazendo parte de suas carteiras de clientes”, descreveu.

O diretor da Fetrafi-RS e do SEEB São Sebastião do Caí, Gerson Kunrath, pondera que o banco precisa agir com transparência para que se consiga produzir um regramento do teletrabalho a partir das necessidades e ajustado à realidade do Banrisul. “É preciso saber quem está em home office, quantos colegas. E saber também como faz para pegar assinatura de um cliente para o contrato de consórcio vendido por um colega em home office. Tem que ser diretamente no banco e em um encontro presencial”, asseverou.

Relatos de colegas da TI, apontado pelo diretor da Fetrafi-RS, Fábio Alves, como importantes para serem incorporados como aprendizado à construção de uma regulação do teletrabalho no Banrisul, expõem a maior preocupação dos colegas. “O maior problema, segundo relato dos colegas de TI, é o banco não fornecer o computador. E são várias áreas envolvidas no tema teletrabalho, como a logística”, salientou Fábio.

A diretora da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim, compara o espaço da casa para o teletrabalho a uma miniempresa. Por isso, ela apresentou preocupações relacionadas ao compartilhamento de espaço e de equipamento de trabalho, como o computador.

“Tem chegado a questão da regulamentação do teletrabalho para nós. Entendemos que regular é bom para os dois lados. As colegas mulheres, muitas vezes, precisam atender os filhos no mesmo ambiente em que trabalham. Às vezes, não tem dois quartos na casa. Chega muito o problema da cadeira de trabalho”, ilustrou a diretora da Fetrafi-RS, Ana Furquim.

Além do negociador, Fernando Perez, participaram como representantes do Banrisul na mesa temática de negociação do teletrabalho, participaram da reunião como representantes da diretoria do Banrisul, os assessores jurídicos Paulo Henrique Pinto e Douglas Bernhard.

A diretora do SEEB Lajeado, Ana Maria da Silva e o assessor jurídico da Fetrafi-RS, o advogado Milton Fagundes, também participaram da reunião temática sobre teletrabalho com o banco.

Fonte: Imprensa SindBancários

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