A pandemia de Covid-19 impôs a paralisação de muitas atividades
produtivas e exigiu que milhões de pessoas praticassem o isolamento
social para protegerem a vida, provocando uma rápida e intensa recessão
econômica, que gerou, inclusive o fechamento de empresas e o crescimento
do desemprego, que já era muito alto, observa o sociólogo e professor
Clemente Ganz Lúcio em seu artigo “As pressões sobre o emprego”. A população negra foi a mais afetada.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) trimestral,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostram que a taxa geral de desocupação é de 13,3%. Entre os pretos
alcança 17,8%. Considerando apenas os brancos, é de 10,4%.
Os
números apontam que cerca de 11 milhões de trabalhadoras foram para a
inatividade, sem condições de trabalhar ou procurar emprego; outros 8
milhões foram para o trabalho em casa (home office); quase 10 milhões
tiveram seu contrato de trabalho suspenso ou redução da jornada de
trabalho. Outros 13 milhões continuaram desempregados.
Grandes e
médias empresas e até os três maiores bancos privados do país (Bradesco,
Itaú e Santander), que obtiveram lucro que soma R$ 36 bilhões nos nove
primeiros meses de 2020, demitiram funcionários.
Salários menores
“Nesta crise, a população negra foi ainda mais afetada. Os dados mostram que a renda média da população negra representa apenas 56,2% da recebida pelos brancos”, observou o secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) de Combate ao Racismo, Almir Aguiar.
“Há quem fale que é devido à qualificação profissional. Mas, mesmo com ensino superior, negros e negras ganham, em média, menos do que os não-negros. Não tem nada a ver com qualificação profissional. É racismo mesmo!”, criticou o dirigente da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT