Preservação da vida está acima dos interesses econômicos

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No 13º dia de isolamento, lotéricas, cooperativas de crédito e agências bancárias abriram suas portas e voltaram a funcionar em todo o território de Santa Catarina. No domingo, 29/3, o governador Carlos Moisés, do PSL, abraçou a teoria, “em primeiro lugar, a economia”, e publicou uma portaria normativa ampliando a lista de serviços permitidos durante a quarentena por conta do novo coronavírus.

Na segunda-feira, 30/3, na região central de Florianópolis, os bancários faziam de tudo um pouco para ajudar a clientela no acesso aos serviços. Entre as medidas determinadas, estão o uso de máscaras e a distância de 1,5 metro entre as pessoas.

Nas portas dos bancos, atendentes controlavam o acesso de modo a evitar aglomerações. Neste cenário, de dificuldades e incertezas, o presidente do Sintrafi (Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Florianópolis e Região), Marco Aurélio Silveira Silvano, funcionário do Banco do Brasil, digitou à distância e pincelou novas cores da luta para conter a expansão do vírus no país. Confira os principais pontos da entrevista:

Qual avaliação da portaria do governo estadual autorizando o funcionamento das agências bancárias?

Marco Aurélio Silveira Silvano – Uma irresponsabilidade diante das orientações das próprias autoridades de Saúde do Estado, que têm na aglomeração o maior risco potencial de contaminação. Pior ainda, a situação das lotéricas. Mesmo considerando a prestação dos serviços essenciais (aposentados, programas sociais), é sabido das dificuldades de controlar filas, distanciamento entre pessoas.

As regras para o funcionamento das agências contam com o apoio dos bancários?

Marco Aurélio – Não podemos deixar a população necessitada a bangu. Em tempos de pandemia, com o país que já estava afundando na crise econômica, a população se viu perdida e acudiu ao sistema financeiro. Os bancários têm consciência da responsabilidade social, mas não estão seguros quanto às garantias das autoridades e dos bancos na prevenção, proteção e cuidados com a saúde da categoria.

Como, na prática, está funcionando a reabertura das agências?

Marco Aurélio – Mesmo considerando a excepcionalidade da pandemia, ficou evidente a irresponsabilidade dos governos em antecipar medidas para redução dos riscos. A velocidade do coronavírus não teve correspondência na adoção de medidas protetivas para os bancários.

Os bancos estão garantindo segurança e transporte para os bancários?

Marco Aurélio – Ainda há muito que fazer e precisamos levar em conta os tantos desencontros entre os anúncios oficiais e a efetivação de medidas e orientações. Segurança e transporte seguro não constam nas prioridades. É evidente o despreparo das instituições diante da gravidade da crise. Sem falar que a principal autoridade do país segue tratando a expansão do Covid-19 como “gripezinha”.

Nesse momento, quais seriam as principais reivindicações da categoria?

Marco Aurélio – Garantia de que os esforços em nome da preservação da vida estejam acima dos interesses econômicos. Garantia de direitos, empregos e salários, que não parecem prioritários para os patrões e governos.

Neste cenário, qual a orientação do Sindicato para este momento de pandemia?

Marco Aurélio – Se puder, fique em casa. Confie e fortaleça seus sindicatos. Somente acesse e reproduza informações de fontes confiáveis. Denuncie as irregularidades e as situações de risco. Na dúvida, não abra mão do direito à vida.

E a atuação do movimento sindical neste processo?

Marco Aurélio – No setor bancário, seguimos buscando todas as alternativas que preservem os direitos da categoria e da população. Esta conduta se expressa desde a negociação com os bancos e aos recursos na Justiça do Trabalho. Estamos ampliando, também, nossa comunicação com a sociedade, principalmente no sentido de responsabilizar governos e empresários pelo desmonte da estrutura da saúde pública. Estamos pagando o preço por escolhas, inclusive eleitorais, que priorizam os interesses privados em detrimento do bem-estar da população. A vida vale a pena ser vivida, com justiça, solidariedade e respeito aos diretos e à saúde do nosso povo.

Entrevista: Moah Sousa/Imprensa SindBancários

Foto: arquivo Sintrafi-SC

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